quinta-feira, setembro 22, 2005




Estórias do meu mar - Memórias a sonhar





quem me dera ser um livro





um livro em branco onde
de branco em seda escrevesses tu
e os meus sonhos com os teus olhos
pintasses no azul do meu céu
o branco das tuas nuvens em folhos
soltos que sibilam o teu nome
por detrás do vento do teu véu
no desenho do teu rosto
onde trazes o sorriso emprestado que foi
pelo teu coração aconchegado em labios encosto


assim me perdi ao esquecer-me
daqueles beijos que nunca te dei
nos lagos dos amanhãs que tardam
de esquecidos que foram
por murmurados que o são
no retorno desta manhã
e no adormecer daquele entardecer
onde um dia te encontrei
porque ao voltar das marés
aos meus olhos e por ti
só a ti eu respondi
no apenas do teu nome que gritei
porque só com o teu sorriso eu sonhei





sim
esqueço-me de mim assim
quando os livros se desatam num arrolar de sonhos
e nas tuas palavras voo
como num sorriso dos olhos meus
onde escrevo pedaços de sonhos em cantos teus
pedaços de mim em pedaços de ti
como se pedaços nossos em palavras doces
o fossem
assim largadas ao mar
e suspiradas ao luar


queria ser eu um livro
um livro em branco
onde aos dias acrescentaria
tudo o que não te escrevi
o tudo que sem ti
e que no branco das tuas folhas
eu sempre senti





e escuto
escuto o eco murmurar sentires á brisa que fica
o sussurrar em aromas e silêncios que partem nas marés
e nelas regressam em brancos memórias a sonhar
e espero na memória do meu sonhar
espero pelas ondas e pelos dias que guardo comigo
apenas para que quando chegares
e se chegares,
nelas o meu carinho encontrares
pois de um regresso meu
fiz eu um voltar teu
quando nos olhos teus
escrevi eu um dia
a alegria dos meus






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sábado, setembro 10, 2005




Estórias de Mar - O meu pensar





dou comigo a pensar





dou comigo a pensar

que cheiros teriam as maresias no ocaso diluviano
e quais seriam as envolvências que em luz
os meus braços em murmurios me calariam
que assim de tão nus de conceitos e repletos de sabores
foram em gestos perdidos em ti encontrados a vaguear
no vagar de ondas em laivos reflexos no teu olhar


dou comigo a pensar

se serão estes os raiares do sentir das auroras
desses soslaios traços de um rosto em véu
que ecoados e desenhados são em redomas de céu
escritos em libertos sentidos no evadido no eter
como profusões de almas fundidas num coração
que apenas quer caber na palma da tua mão


será este o destino das asas no desenhar dos dias
dos rumores difusos em emanescências de um tocar
feito cheiro aroma um dia a terra molhada
sempre presente até quando ausente
no brilhante da luz no ser vaguear
que é o valor no infinito de um céu
na nota de musica de um sol a brilhar
na nota que canta na melodia de um mar a cantar





e dou comigo a desenhar

a desenhar no desenho em que desenharei as estrelas
sempre como se fosse um adeus
sempre como se fosse no meu fechar de olhos
encontrar o gesto que apenas se quer encontrar

talvez eu olhe sem querer ver
e a lagrima em sal que cai,
seja apenas o beijo que te deixo
para que o entregues de novo ao mar

são estas as marcas dos sonhos que deixo atras de mim
de quando um dia quis ser mar e falésia
onde pudesses tu as asas mergulhar
onde pudesses enfim
os teus olhos também fechar

parecido é o andar dos sonhos que deixas também atras de ti
marcado pelos dias em que te fazes sozinha acompanhar
nos passos incertos na imensidão plena da consciencia
no receio de perder nas marés
essas ondas que chegam e partem
no encontro traçado no atinado dos teus pés


é assim neste adeus
que desejo sonhos teus em abraços meus
e por isso canto nos meus olhos a fechar
o entregar dos dias que passam ao teu estar
neste juntos fugir no sal de um beijo a esperar
no doce sonhar de uma onda a partir
de um abandono tão só ausente por só assim sentir





na hora de apagar a noite
chamo eu uma estrela
que por tanto a querer
e tanto a desejar
um dia sei
que irá definhar
para que no seu lugar
e quando os meus olhos abrir
ver nascer o dia sem precisar partir
o dia em que o beijo da sua luz
se vá encontrar na imensidão do meu mar






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domingo, setembro 04, 2005




Estejas onde Estiveres,,,






Diz o meu nome





pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos





No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome.





Mia Couto








És melodia, em tons de luz paixão
canção, em carinho de amor perdida
és vida, na guarida do meu coração
és a luz do meu olhar, a brisa de ar
que me leva até ao mar

és alma a voar, em beijos no meu sonhar




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