quarta-feira, novembro 29, 2006




O Rio Que Corre Para O Mar





E correm manhãs
manhãs que no deslizar sereno de um riacho em gotas dadas nas águas correm
e que aos dias soltam cada nova aurora por cada gota dada e levada
como se na corrente das mãos reflectidas no alvor de um riacho
nascessem as nascentes em torrente sentidas e numa cor trazidas





São opalas em águas de cristal de tão leves das brisas que são
e nos sonos sonhos flutuam como pinturas de um rio de afectos em fios de sisal
que enchem no calor dos dias o cantinho do sentir aos outonos
e nas margens de um rio desenham bermas de caminhos em gotas dadas
no escorrer dos traços lânguidos das manhãs pelo rubor da aurora matinal





E correm assim fluidas gotas belas e singelas
como aromas fossem no perfume das memórias limpidas do coração
onde aninhadas pelas alvoradas levam elas em telas as folhas de seiva
em cada traço seu de carinho nas pétalas suas de uma escrita meiga
E gota a gota são os traços que alumiam os olhos que se deram no repouso
esses que sopram em todas as velas das naus onde se fazem levar até ao mar
nesse tocar de um céu em penugens de todas as nuvens que encontram a voar
para que o outono das manhãs em maresias delas possam beber
ao rebuliço da espera de todas as ondas de um querer
e pedir ao branco as alvas pérolas do algodão ao pousar
asa na asa e um coração





São lindas as plumas de um acordar desenhado na maresia de um sonhar
nascido que foi no correr límpido das gotas de um riacho
e que se quis um dia rio no acompanhar das notas de uma canção
quando em asas feitas plumas numa nuvem pousou
e o rio seguiu até que um atito ouviu quando gritou ao marulhar de um chamar
que assim ternamente o levou pelos caminhos da terra até ao mar


e assim abri a janela ao olhar os olhos do rio





e neles deixei os meus enternecidos dormentes e serenados
pelos caminhos das gotas moldados e traçados e por mim tão amados
pois que das águas serenas e em correrias de gotas lânguidas dos riachos
num mar maior os meus olhos se fecharam e a um coração se abraçaram
de tão ternas que foram e que são as mãos assim dadas e levadas
pelos tapetes em bordados matinais de todas as flores em cores pintadas

Apenas folhas de gotas de outono no âmbar rosáceo dos traços
que fazem no branco da neve o carinho de um reflexo de sol
e no trazer dos teus passos um dia ao sono roubados
no outono pelas manhãs aos caminhos num sussurro gritados

E eu vou voo nos teus passos ao voar em cada brisa num olhar meu
porque levo comigo em cada manhã num respirar
uma gota linda solta ao ar em cada instante que eu soprar
para que assim sintas que é de um gesto de carinho que ela te fala
e que é da mão quente de um conforto que ela te leva ao rosto o olhar
para que aos teus olhos quando sentires cada esfriar que o vento te traga
sintas o calor no olhar de um traço que se confunde no dançar
dos teus cabelos em noites ternas aconchegadas pelo luar


Aqui não se acendem lareiras nem fogachos em profusão





aqui não se manda calar o ir e vir do vai e vem das ondas
e não se grita mudez ao vento para que este pare
aqui é o onde á janela o mar confunde a natureza e é ao sê-lo
aqui neste onde estou e onde te trago como és ao te respirar nas marés
neste singelo levar do que sou para onde sei que estás
e no regato plácido de uma nota de musica solta pelos riachos
se ouve o pedir a ouvir pelos lagos onde dançam as noites
onde os dias nascem de cada passo dançado e acertado
como os cisnes que grasnam em tons de alvorada
o que de belo tem o dançar da madrugada





É assim um gesto cantado teu que aninhado se perde encontrado nesta sala
no cantinho onde te espreito o olhar e te canto madrugadas á janela
pois cada sorriso teu é a canção que se solta das ondas de uma praia tua
e cada maresia á janela aberta cantada é serenata num beijo teu
que eu mascaro como meu
quando á janela dos meus olhos lembro um segredo ao mar
e lhe falo das estórias que lhe conto do teu olhar
em noites de outono ao luar





O rio...

...este corre sempre
para o seu mar.






Solar Nature






Musica: Sigur Ros Album: ( ) Tema: 6
Fotos: Todas as Galerias disponíveis em Flickr
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quinta-feira, novembro 23, 2006




One Word









Quando juntar palavras no papel é tão facil, ao ponto de esquecermos o quão difícil é arrancá-las antes em tinta ao coração e perfumá-las de alguém para lhe as entregar.



São tuas as minhas
tal como sempre as pintei
as desenhei e o foram.

Guarda-as alvas e perfumadas
pela Aurora

Guarda-as alvas

Aurora



Pharaoh