sexta-feira, janeiro 11, 2008




Manhã Em Momentos De Luar










Como se cada momento cada som onde estou se fizesse da água que sou
e no espelho do meu rosto de uma lágrima que já não cai e tudo transformou
antes ficou no sorrir de um passo que se imobilizou no tempo e que não mais se vai
esse que se esvai pelos teus cabelos num desfiar e que fez a lua sorrir e o luar sonhar
quando tímida ela se calou e no seu orgulho abandonou os céus criou asas e voou
num adeus à noite quando pelos meus olhos desceu para nunca mais se ir deste meu sentir
deste fluir ternura no carinho escrito de um toque dos rios pelo nó dos teus dedos
ao pintarem ledos nos meus olhos os mais belos quadros de um horizonte que é o teu
quando os teus lábios num beijo me dizem ternamente que o dia amanheceu
e que uma única rosa assim com ele nasceu





E os mais ternos rios correm agora por entre soleiras calmarias
agitados no repouso de maresias em brisas pela sombreira agora acordada
das almofadas de nuvens que escolheste tuas para repousar o teu olhar
em silêncio calada
e soltar no escorrer dos teus lábios de chuva todas as marés e ondas de um marulhar
para que no sussurrar silencioso de um murmurar se libertar assim todo o infinito do mar

Talvez surjam pelo desfiar das manhãs aves em céus de asas a voar
gotas de água rios mares pelas pálpebras que teimam em não se fechar
elas que assomam e que espreitam a ternura de uns olhos a fechar
na candura de um olhar que se perde nos outros olhos a sonhar


São pedaços de luz que espalham aromas de jasmim
pelo olhar silencioso de um tempo feito assim
aguarelas de um jardim céu gracioso em movimento lento
lá onde uma única rosa voa envolta num poema ao vento solta
que nasce pela voz da mão que a canta pela noite ao relento
e pelo murmúrio sussurrado de quando o luar num espelhar calado
entrega num beijar da lua o seu sonho assim ao mar lançado





E era ela que me chamava pelas noites em que tentava eu
os meus sonhos adormecer no algodão do seu rosto que era o teu
nos trejeitos que assomavam do seu cabelo embalado e que eu calado
pelo nascimento da noite afagava e nos seus dedos calava
Era ela que me confortava o amor que amava assim este amar-te
na companhia de todas as fogueiras que se acendiam para nunca mais se apagarem
e dos gestos que fugiam como sopros ternos de cada murmurar por sussurrar
para que nunca mais ninguém assim os pudesse ou fosse um dia encontrar
pela surdina dos sonhos de uma janela aberta de olhos postos no mar
nunca ela janela sem ti sentida deserta assim aberta
nunca sem ti ela assim janela sentida ou ela alguma vez aberta


Afinal era ela
a lua dos meus encantos que me olhava à janela aberta ao mar pelo imenso mar
ela que sempre me escutou pelos cantos destes meus cantos com um beijo de luar
e a quem pedi que me escutasse pela mão serena os gestos simples de um eterno poema
nas palavras no coração cravadas que soltei para sempre na minha mão gravadas
levadas pelos sempres no encanto de um poema em maresias poentes de alfazema fluentes





E queria poder estender a minha mão
tocar com um sorriso meu no teu coração
e oferecer-te em melodias de ternura o azul de um voar
que trago nos meus olhos para me lembrar
do recordar do mar o que é um amar
e do chamar que é este gritar
o infinito do mar sem o teu nome nomear
ele que se escreve pelos dias
na brisa que te leva este beijar
pelo voltar das ondas escritas em maresias
no marulhar de repousos pousos deste infinito mar


E talvez assim os rostos se iluminem pelo luar
quando as asas se abrirem pelos céus e num seu voar
se naveguem passeios e se enfunilem velas num céu estrelado junto ao mar
em que finalmente os sonhos sejam feitos para sonhar
o mar para navegar e o céu infinito para voar







Solar Nature






Musika: Mike Rowland - "Son Of The Light"
Photos: #1 - Pilou@ttitude #2 - Richard Thompson #3 - SoBlueLadyBlue #4 - Spice